Estradas do Tempo | Capítulo II - Novos companheiros

Em uma cidade, dentro de um bar, onde há várias pessoas bebendo, discutindo e brigando, no fundo está um homem quieto. Apenas com uma garrafa vazia de Whisky na mesa e uma faca na mão. Com a cabeça baixa e o chapéu cobrindo seu rosto, fica um ar tenebroso ao seu redor, com ninguém sentando-se ao seu lado nem nas mesas próximas. A garçonete deixa outro litro de whisky e sai com a garrafa vazia. Antes de chegar no balcão, alguns homens a chamam para a mesa, aparentemente bêbados, começam a elogiar seu corpo e a apertá-la contra sua vontade.

- Por favor, parem. - diz ela tentando sair de perto deles.
- Que isso, gracinha... Vai dizer que não quer?
- Não.
- E tá me provocando assim por quê? Vestida assim só pode ser pra chamar atenção.
- É meu uniforme... PARA. - diz ela dando um tapa nele.
- Ora sua vadia. - diz ele pegando uma garrafa de vidro.

Vai com toda a força para acertar sua cabeça, mas a garrafa quebra antes disso com um tiro que o homem misterioso dá, mesmo sentado de longe, no seu lugar.

- Solta ela, seu nojento. - diz ele.

Todos o olham, mas o homem segura a garçonete e continua:

- E quem é você pra me dizer o que fazer?
- Isso não é da sua conta.
- Sabe quem eu sou, forasteiro? Sou o famoso Zé do Inferno e eu vou-
- Eu não tô nem ai. Vou dizer mais uma vez... Solte ela. - diz ele olhando em seus olhos, levantando o chapéu lentamente.

O homem joga a mulher em sua direção e atira, mas antes que a bala a acerte, o homem misterioso a segura e joga sua faca, partindo a bala ao meio e atingindo seu peito, que cai logo em seguida. De repente, todos do bar miram nele e na mulher.

- Fique atrás de mim. - diz ele.
- Okay.

Afastando um pouco seu casaco, que cobria todo seu corpo, saca suas duas armas e começa o tiroteio. Com sua mira impressionante, consegue acertar todos. Pula e puxa a mulher para trás de uma mesa derrubada, recarrega suas armas em milésimos de segundos e levanta para atirar de volta, nenhum consegue o acertar. Em minutos, todos estavam no chão. Ele anda até o balcão e bota o dinheiro por cima do móvel, dizendo: "Pode ficar com o troco". Depois, sai e pega a faca que estava com o homem... Ou melhor dizendo, no peito dele.
Ao sair, sobe em seu cavalo, mas antes que saia, a mulher vai até ele.

- Espera, me deixa ir com você?
- Não. - diz ele saindo.

Ela fica na frente do cavalo e diz:

- Eu sei quem você é... Marcelo.

Ao dizer seu nome, ele presta atenção.

- É um dos homens mais perigosos que pisou na terra. Responsável pela criação da cadeia mais segura do mundo feita apenas para um prisioneiro: Você. E ainda sim, escapou 12 horas depois. Dizem que já morreu várias vezes, mas nem o céu nem o inferno o queriam.
- Obrigado por me dizer o que já sei.
- Se é alguém assim-
- Por que ajudei você?... Simples: Eu posso ser uma pessoa horrível, mas sei tratar uma mulher como igual.
- Então deixa eu ir com você.
- Pra que?
- Eu sei que nasci pra ser bem mais que uma garçonete. Eu quero ser ser mais, eu quero-

Antes que ela termine de falar, um estrondo é ouvido no céu, com uma rachadura abrindo entre as nuvens, que é seguido de um navio caindo. Marcelo puxa ela pra cima do cavalo e saem dali rapidamente. O navio se choca no chão e começar a virar em direção deles. De um tamanho colossal é ouvido apenas o som do ferro em queda, lentamente. O chão começa a estremecer e a rachar, fazendo com que caiam. Mas abaixo deles, caem do céu com o navio a cima deles, caindo junto com eles. Ela não demonstra medo, ficando maravilhada com isso, já que nunca tinha visto algo dessa escala. Marcelo segura ela com uma mão e o chapéu com a outra, com uma afeição séria, pensando em uma maneira de saírem dali. Não ver seu cavalo e ver que daquela altura não iriam sobreviver, muito menos se aquele enorme monumento de aço cair em cima deles. Se ver sem opções, até que ouve alguém gritando euforicamente. Quando ver, um garoto montado em um cavalo preto, correndo no casco do navio, parece se divertido com aquilo. Com um cabo de aço, puxa eles para mais perto e ficam em cima do cavalo e saem. Com um pedaço metálico em sua mão, uma bolha azul se forma ao redor deles enquanto correm e acabam parando no chão, lá descem e observam de longe o navio caindo no meio do nada. Levanta seus óculos, que se assemelha com óculos de segurança e desce do cavalo.

- Prazer. Caio.
- Prazer. - diz ela descendo. - Nara.
- O que foi aquilo? - pergunta Marcelo.
- Um navio.
- Um o que?
- Navio. É um meio de transporte que se movimenta nas águas... No futuro.
- Futuro!? - indaga Nara.
- Sim.
- Explica. - diz ela animada.

Marcelo ao descer do cavalo, acaba desequilibrando um pouco e Caio diz:

- Eu posso ajudar nisso. No meio da confusão, algo deve ter entrado na sua perna.
- Não precisa. - responde ele.
- É... Não é algo recomendável. Pode ter se ferido por algo fora do nosso tempo.
- E daí?
- Nossos átomos não são acostumados com isso. Pode causar problemas graves.
- Tipo?
- No melhor dos casos, sua perna desintegra.

Marcelo olha com relutância, mas aceita a ajuda. Ali mesmo, montam uma fogueira e com um seu equipamento de pronto socorro, tira os estilhaços da perna de Marcelo enquanto explica o que aconteceu.

- Então... - diz Nara. - Esse relógio faz você viajar no tempo?
- Mais ou menos isso. - responde Caio. - Mas, algo tá acontecendo com a linha do tempo. A cada volta, indica uma rachadura temporal.
- Então aquele "Navio" foi isso?
- Sim. E estou atrás de quem ou o que está causando isso.

Caio termina de costurar o ferimento e Marcelo ver a quantidade de estilhaços que estavam dentro dele.

- Obrigado, garoto. - diz ele estendendo a mão. - Pode contar comigo nessa sua busca.
- O que!? - indaga Caio.
- Você me ajudou... Vou acompanhá-lo até retribuir esse favor. É meu código de honra.

Caio aperta sua mão e diz:

- Será um prazer ter ajuda de um dos homens mais perigosos do mundo.
- Me conhece?
- Digamos que estudo bastante história.
- Se vocês vão, eu também vou. - diz Nara.
- Vou precisar de um cavalo maior. - diz Caio.

Em um lugar longe dali, um homem olha seu relógio. Parecido com o de Caio, mas um pouco maior com um espaço vazio no meio. "Chegue logo, garoto" diz ele enquanto olha para o céu onde três estrelas estavam prestes para se alinharem.