Protocolo Heróis | Capítulo X - Passado e presente


2 Meses depois...
Todos querem mais tempo em suas vidas. Mas nem todos percebem que é tudo questão de organização. Não se pode ter mais tempo, mas se pode aproveitar ele.
Na Sede dos Maias, logo pela manhã, Verônica está no escritório, preocupada e chateada por conta de não terem nenhuma pista de quem é Alfa.

- O que aconteceu, velha amiga? - pergunta Amanda sentando sobre a mesa.
- Você sempre tem que me assustar assim?
- Virou um ótimo hábito. Mas o que houve?
- Estamos meses com esse homem solto. Com uma possível bomba eletromagnética e não temos NADA. - diz Verônica batendo na mesa.
- A nova geração cuidará disso.
- Eles só estão com alguns meses de treinamento. E ainda por cima, está incompleta. Eles conseguiram grandes feitos, evitaram grandes catástrofes, mas admita, ainda estão longe de serem o que precisam ser.
- A garota virá... No momento certo.
- Confio muito em você, com minha vida. Mas com um perigo a solta que nem você consegue prever. Meu medo começa a aumentar.

Amanda se levanta e diz: "Tente ver a situação por outro ponto de vista" e sai. Ela anda em direção ao elevador, e ao abrir a porta, sai Gabriel, que ao ver ela, para e fica calado. Com esperança de não ser percebido.

- Você pode ter a nota o suficiente. Mas pode reprovar por faltar muito. - diz Amanda.
- Como você sabe?
- Palpite.

Gabriel sai do elevador e Amanda entra.

- Diga para os outros que hoje não terá treinamento. - diz ela entrando no elevador.
- Por que?
- Irei resolver umas coisas.
- Certo.
- Gabriel.
- Oi.
- Mantenha eles por perto.
- Quem?
- Guilherme pode precisar de você no laboratório.

A porta se fecha e Gabriel fica confuso com as palavras dela, mas segue para o laboratório. E enquanto isso, no elevador, Amanda aperta a bengala com força... Um pouco aflita.

12 anos atrás...
Amanda chega na cidade e é recebida por sua equipe de arqueólogos, que estavam muito contentes com sua chegada. Todos correm até ela, mas um deles a abraça bem forte, porém a solta rapidamente, que deixa os dois sem jeito.

- Você fez falta. - diz ele.
- Você também.
- Pode tirar esses óculos escuros. Está praticamente nublado. 
- Verdade. 

Ela tira os óculos e ele ver seus claros olhos castanhos. Se encaram até que ela solta um breve sorriso dizendo:

- Não faz tanto tempo assim.
- Pra mim foi uma eternidade...
- Vamos logo, se não vamos nos atrasar, Thiago.
- Certo.

Nos dias atuais...
Amanda anda pelas ruas da cidade e para em um pequeno parque florestal. Se senta sob uma árvore e fica sentindo a leve brisa que batia em seu rosto. 


- Olá, senhorita. - diz Jorge, se sentando ao lado dela.

- Olá, Jorge.
- Dia difícil?
- Você não faz ideia.

Ela se encosta no tronco e se pergunta: "Será que eles realmente estão prontos."


12 anos atrás...


Thiago e Amanda estão no escritória do chefe da equipe, que explica o motivo da exploração naquela região.

- Abaixo dessa cidade tem um minério nunca visto antes. Emite uma radiação totalmente diferente do que conhecemos. Se conseguirmos estudar esse minério, o futuro da ciência e da robótica podem mudar para sempre.
- Séria um avanço de anos. - diz Thiago. - Então, quando vamos?
- Amanhã de manhã. Quero que vão somente vocês dois. Uma equipe menor será melhor de se explorar.
- Sim, senhor.
- E os equipamentos? - pergunta Amanda.
- A radiação que esse minério emite causa interferência em aparelhos eletrônicos normais. Terão que ir com os adaptados. Porém, só aguentam 15 minutos de funcionamento.
- Que beleza...

Eles se levantam e saem. Thiago tenta pegar a mão de Amanda, mas alguém a chama, ela olha quem é e ver...

- Verônica?
- E aí, velha amiga.
- O que está fazendo aqui? Você sumiu.
- Vim falar com o arqueólogo responsável por uma futura expedição. Isso que irão fazer, não será seguro. O minério no qual estão atrás, é muito perigoso para ser estudado assim. Além do local que ele está, é muito instável.
- Quem disse?
- A empresa do qual eu trabalho.

Amanda percebe que atrás de sua amiga, tem alguns carros com homens armados.

- Que empresa é essa?
- É confidencial.
- Não precisa se preocu... Um momento, como sabem desse minério? Se é o primeiro contato que temos com ele.
- O mundo não é como você estudou.

Verônica entra e Amanda tenta impedir, mas alguns homens a seguram pelo braço.

- Podem soltá-la.
- Ouviram ela.

Ela cai de joelho no chão e Verônica se abaixa e diz:

- Por favor, é para o seu bem.
- É conhecimento.
- O que não deixa menos perigoso.

Nos dias atuais...
Depois de algumas horas relaxando, Amanda se levanta e esbarra em Jéssica, que estava acompanhada de Aurora.


- Me desculpa, senhorita Amanda. - diz Jéssica.

- Tá tudo bem. Saíram cedo?
- Sim, estávamos indo para o treinamento.
- Hoje não haverá. Aproveitem o resto da tarde, está um lindo dia hoje... Mas, Guilherme e Gabriel podem precisar da ajuda de vocês.
- Certo.


Amanda segue caminho e as meninas vão para a Sede.

- Como ela sabe que o dia tá bonito? - sussurra Jéssica. - Ela não é...?

- Shiu. Só anda. - responde Aurora.

12 anos atrás...


No restaurante da cidade, no fim da tarde, Thiago e Amanda jantam enquanto conversam sobre o ocorrido de mais cedo.


- A gente vai perder essa chance? - pergunta ela.

- Não podemos fazer nada, a equipe foi proibida de explorar o lugar. 
- Onde fica esse lugar?
- Abaixo da cidade.
- E onde é a entrada?
- Em uma caverna, na entrada da cidade... Pera, você não tá pensando em...
- Sim, eu vou.
- É perigoso ir assim.
- Seria perigoso de qualquer maneira.

Ele aproxima a sua mão a mão dela, que logo ela retribui.

- Então se você for, eu vou junto.
- Nem pensar. Você mesmo disse que é perigoso.
- Não ligo.

Ela solta um sorriso e eles ficam em silêncio. Se olhando, sem dizer nada, mas com os olhares se encaixando.

Nos dias atuais...
Quase no anoitecer do dia, com o por do Sol sendo acompanhado pelo nascer da Lua. Amanda passa em frente da escola Gremmy e acaba passando por Leonardo.



- Oi Amanda.
- Olá, Leonardo.
- O que faz por aqui?
- Aproveitando um pouco o dia. Sua equipe está lhe aguardando.
- O que houve?
- Só tenho pressentimento que é melhor estarem juntos. 
- Pode deixar.


Leonardo começa a correr, mas ela fala:

- Leonardo.
- Sim?
- Diga ao Guilherme que está na hora de iniciar o projeto Carmen.
- Guilherme e Carmem. Saquei. Até mais.
- Até...

12 anos atrás...
Pouco antes de amanhecer, Amanda estava em frente a caverna, mas antes de entrar, ela ouve alguém chamando pelo seu nome. E quando ver, era Thiago.

- Você não vai sem mim.
- Você é um teimoso.
- É, também, mas sem o equipamento adaptado, você estaria cega lá dentro.

Ele dá uma mochila a ela e eles pegam suas lanternas. Quando entram, liga um rastreador para saber se estavam chegando perto.

- O mundo vai mudar depois dessa descoberta. - diz Thiago.
- Com certeza.

O rastreador começa a apitar cada vez mais rápido e alto.

- O que foi isso?
- Ele tá dizendo que estamos em cima do minério.
- Isso não faz senti...

Antes dela terminar de falar, o chão abaixo de seus pés desmorona e acabam despencando alguns metros até mergulharem em um lago que estava bem abaixo de onde caíram.

- AMANDA! - grita Thiago, preocupado por não vê-la na água.
- Eu tô bem... Olha isso...

Ele olha ao redor e se veem cercados por vários cristais, tão brilhantes que era como um Sol no meio da noite, iluminando toda a caverna.

- Isso é lindo. - diz ela indo para a margem do lago.
- Isso é o minério?
- Sim... Esperava algo diferente. Mas é muito bonito.

Ela fica de joelhos, calça umas luvas e pega um pequeno fragmento do minério e o bota dentro de uma caixa revertida em chumbo, que é guardada dentro de sua mochila. Thiago vai até um dos Cristais e o toca com sua mão.

- Calma, não sabemos se...

Ao tocar, o minério começa a brilhar, uma luz branca que o deixa maravilhado.

- É incrível. Ele mudou sua temperatura.
- Solta isso. Não sabemos se isso pode te fazer mal.

Ele solta e a luz enfraquece gradativamente. Amanda olha ao redor e ver que por cima do lugar, também tinha minério, só que em forma de gotas de chuva, enquanto os que estavam no chão, tinham uma forma mais pontuda.

- Agora precisamos sair daqui. - diz ela.
- Esse lugar é lindo, vamos aproveitar.

Thiago pega ela no braço e a joga no lago. Eles começam a se divertir. Nadam até o fundo do lago e veem que os cristais em baixo da água também brilham quando são tocados. Amanda sai e se senta na margem e ele fica no lago olhando para ela.

- Vamos? - pergunta ela.
- Certo, vamos.

Eles escalam até o buraco pelo qual entraram, ou melhor, caíram. Mas antes de subirem, toda a caverna começa a tremer. Eles se apressam e tentam subir, porém, quando chegam em cima, o chão abaixo deles começa a desmoronar. Então, como ultima esperança, Thiago joga Amanda longe, mas ele acaba caindo e quando os minérios se chocam, uma grande grande explosão acontece. Mas não causa fogo, apenas uma enorme rajada de energia, que a jogou para fora da caverna... E do tempo.
Amanda teve seu tecido jogado em todo o espaço-tempo... E assim foi se passando os milênios, para ela... Até que ela percebe o que aconteceu, e foi aprendendo.
Notou que sua mente foi conectada a algo superior as leis da física. Começou a ver todos os acontecimentos que existiram, existem e irão existir... Ao mesmo tempo. No início ficou louca, mas com o tempo, cansou da loucura... Começou a entender e como uma boa pesquisadora, aprender. Perto e longe de sua sanidade, foi tentando se materializar em seu tempo, pois viu o que estava por acontecer...
Seu corpo é começado a se formar. Ela acorda do lado de fora da caverna e ver que sua visão não era mais algo dela. Por conta que seu cérebro humano não suportar o tamanho conhecimento que tinha adquirido, ela começa a ficar perturbada. Com as lembranças do que aconteceu com Thiago, começa a se culpar. Mas logo alguns carros chegam perto dela e sai uma mulher de dentro de um deles.

- Amanda?
- Q-Quem está aí?
- Verônica... Sua velha amiga.
- E-Eu não me lembro.

Verônica fica perto dela com alguns homens. Amanda desmaia e acaba caindo no chão.

- Senhora, a anomalia registrada mais cedo estava vindo dela.
- Vamos levá-la para a Sede. Ela precisa de cuidados.
- Mas senhora...
- Sem "mas". Não me contrarie.

Amanda acorda na enfermaria da Sede com Verônica ao seu lado.

- Como se sente?
- Bem... Onde está o Thiago?
- Ele está desaparecido. Vocês dois estavam.
- Por quanto tempo?
- 10 anos.
- Só?
- Como assim? Onde você estava?
- É bem complicado de explicar.

Verônica se levanta e pega o óculos escuro que pertencia a Amanda.

- Sabe, eu vou sentir falta dos olhos castanhos.

Disse Verônica dando o óculos para Amanda, que logo bota, cobrindo os olhos que agora estavam sem cor.

- Estou cega apenas aos olhos.
- O que?
- Temos muito o que conversar, minha velha amiga.

Nos dias atuais...
Amanda chega no escritório de Paulo Yosa, dizendo:


- Acabou seu tempo.
- Achei que nunca iria me achar.
- Isso acaba aqui Yosa... Ou melhor, Thiago.
- Prefiro que me chamem de: Alfa.



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Non enim omnes inimicos malum