Amnésia



Me chamo Ana. Eu era uma criança muito feliz. Podia se dizer que minha vida era perfeita. Por que? Bom... Eu sempre soube que era adotada e pra mim, eu tive a sorte grande de pegar uma família tão carinhosa e atenciosa comigo. Meu pai e minha mãe cuidavam bem de mim. Eu tinha que sempre tomar um remédio toda manhã. Diziam que era para minha saúde frágil... Mas algo me incomodava: Eu nunca lembrei do meu passado. Passei 16 anos da minha vida com eles, mas tinha uma pequena dificuldade de me lembrar do que acontecia antes. A cada aniversário, eu tentava me lembrar o que eu ganhei no último... Mas nunca me lembrava.
Eu era feliz, mas sempre com a sensação de ser controlada. Não podia ter muitos amigos. Não podia sair certos dias da semana. Não podia fazer muitas perguntas. Sempre tiver que andar bem vestida e acompanhada de alguns deles. Na escola eu era proibida de falar com quem eles não permitiam.
Me questionei se eu era realmente felicidade ou obediência.
Até que certo dia, resolvi parar de tomar os remédios sem eles notarem. No começo, não notei nada demais, mas ao passar dos dias algo estranho começou a acontecer. Eu via uma pessoa andando pela casa, no começo era como vultos. Achei que fosse pelos remédios, mas foi ficando pior quando comecei a ver isso na escola, como se estivesse sendo seguida. Até que certo dia, acordei e ao olhar pelo o espelho do meu quarto, vi algo diferente refletindo nele. Como se não fosse eu, mas sim outra pessoa. Era bem parecida comigo, mas com os cabelos curtos e feridas pelo corpo.
Achei que fosse os remédios, então quando fui no meu guarda-roupa pegar eles, a pessoa do espelho pediu para ouvi-la. Parecia desesperada... Então, ouvi. Poderia ser loucura minha, mas ele me disse que eu tinha que achar um gravador na casa. Passei os próximos dias tentando fazer isso, o que era difícil, pois raramente ficava sozinha. Apenas quando eles saiam algumas noites e me deixavam dormindo. Então, em uma dessas noites, fui até o quarto deles e vasculhei cuidadosamente cada parte dele procurando esse gravador.
Até que no guarda-roupa deles, dentro de uma caixinha onde tinha uma foto minha mais jovem, com o cabelo curto e no meio de outras duas pessoas, bem mais velhas. Eu parecia ter 15 anos. E junto com a foto tinha um gravador antigo com uma fita. Peguei e botei o play. E quando fiz isso, saiu a mensagem:
"Ana, onde você tá? Por favor, me responde. Se estiver ouvindo essa mensagem, saia de perto deles. Eles são perigosos. Minha filha, onde tá você?"
E a mensagem acaba. Era uma voz feminina.
Eu fiquei em choque quando ouvi aquilo. Guardei a foto e o gravador onde achei e desde de então tento descobrir quem são eles, o que querem comigo e onde estão meus pais.