Culpado | Capítulo II - Boa mira

 

 
Logo cedo, na delegacia de polícia. Gustavo estava esperando por Jason no térreo, nervoso e ansioso para começar um novo dia de trabalho com seu tutor. Quando ver o carro indo para o estacionamento, se alegra e abre um sorriso no rosto. Quando ver o garoto, Jason pergunta: 

- Veio cedo, rapaz. Parabéns.
- Estou ansioso para ir em mais um caso com o senhor hoje. É meu segundo dia, então, espero que hoje seja um bom dia e um bom caso.
- Não é assim que funciona, garoto. - diz Jason indo até o elevador. - Os casos que veem até nós.

Eles entram no elevador e somem. Quando as portas se fecham, Gustavo abre uma pasta e mostra um caso incompleto.

- Foi um assalto ontem no banco central. Dois guardas foram mortos. Sem marcas de tiro e sem testemunhas.
- Como conseguiu acesso a esse caso?
- O senhor Jones ia dá para você, mas como cheguei antes, ele me deu.
- Deixe-me ver. - diz Jason pegando os papeis com delicadeza. - É, parece interessante.
- Então vamos?
- Sim. Vamos logo pegar suas coisas.
- Estão todas aqui.
- Digo, as minhas. Erro meu.
- Certo.

As portas se abrem e eles vão até o balcão, pegar o café.
 
- Bom dia, Rosa. - diz Jason.
- Bom dia, Jason. - responde ela com um sorriso. - Vejo que já estão prontos para mais um dia.
- Sim, eu e o senhor Jason vamos já sair para outro caso.
- Fico feliz que tenha aguentado tanto tempo.
- Mas comecei a trabalhar com o senhor Jason ontem.
- Um dia a mais que o último.
- Mas ele não teve outros?
- Sim, mas-
 
Antes que Rosa termine, Jason interrompe dizendo:
 
- Vamos logo, garoto. Temos muito o que fazer.
- Tchau, senhorita Rosa. - diz Gustavo, enquanto Jason o leva para o elevador. 
 
Eles entram e Gustavo pergunta:
 
- Não ia pegar suas coisas?
- Já peguei. - responde Jason levantando o copo de café sutilmente.
- ... O que houve com seu antigo parceiro?
- Eu não era uma pessoa difícil de lidar. Apenas isso.
- Você não parece ser tão ruim.
- Amadureci muito, garoto. A gente aprende a lidar com pessoas e ouvir elas melhor...
- E por que não teve outro parceiro?
- Por opção...
 
Nesse momento, Gustavo nota uma leve estranheza em sua voz, que logo é disfarçado quando ele diz: "Vamos?". A porta se abre e Gustavo responde um tanto desconfiado com um: "Vamos".
Entram no carro de Jason e vão para o local do crime. Quando chegam, veem que o banco já estava funcionando normalmente. Então Gustavo diz:
 
- Por onde começamos?
- Testemunhas.
- O crime foi ontem, tinha várias pessoas aqui.
- Olhe mais atentamente, garoto. - diz Jason apontando para os funcionários que estavam trocando a câmera de segurança.
 
Eles entram na agência e vão falar com o gerente, que os recebe em sua sala.
 
- Bom dia, senhores. - diz o gerente.
- Bom dia, senhor Alexandre. - diz Jason. - Notamos que as câmeras foram trocadas.
- Sim, as antigas foram foram danificadas ontem.
- Pode nos contar o que aconteceu?
- Bom.. Eu não lembro muita coisa, foi tudo muito rápido. Ouvi apenas eles gritando e depois saindo. Ouvi alguns disparos e quando saí, os dois seguranças estavam no chão. É só isso que eu lembro, desculpem.
- É o suficiente. Tem as gravações do dia?
- Sim, mas acho que não vão ajudar.
- Por que? 
 
O gerente põe as filmagens no computador e a visão de todas as câmeras são interrompidas por algo. Jason fica curioso e apenas diz: "Pode me passar essa gravação para esse pen drive?"
Ao saírem da sala, Jason olha atentamente  para os locais das câmeras.
 
- O que fazemos agora? - pergunta Gustavo.
- Para o galpão.
- O que?
- Entra no carro.
 
Eles entram e Jason começa a dirigir para esse galpão, o que deixa Gustavo extremamente curioso e empolgado, pois não sabia desse local.
 
- É... Senhor?
- Sim?
- Que galpão é esse?
- É onde eu estudo casos assim, que necessitam de espaço.
- É tipo sua própria batcaverna?
- Por favor, não me compare a esse lunático.
- O senhor não gosta da Batman!?
- Um lunático que se veste de morcego e espanca criminosos pela noite.
- É um super herói.
- Não. Ele apenas tem um vazio causado pela morte de seus pais e tenta preencher isso sendo mais um mascarado em uma cidade podre.
- Mas ele é um excelente detetive. Prendeu vários criminosos, deixou a cidade mais limpa.
- Prendendo para eles se soltarem de novo, de novo e de novo... Ele é rico, não é? Poderia muito bem desenvolver uma prisão para esses criminosos especiais. Ou, ao invés de ser um maluco usando uma armadura. Poderia trabalhar e cooperar com a polícia, seria mais eficiente. Sabe o que eu acho? Que ele é um riquinho com tédio e arranjou com quem brincar.
- Ele só que trazer justiça pra lugar que ele mora.
- O que ele define como "justiça" tem o mesmo significado pra você?
 
Gustavo se cala e pensa na pergunta que Jason fez e busca respostas nos próprios pensamentos. Eles chegam no galpão e ao entrar no galpão, Gustavo fica impressionado com o lugar espaçoso com alguns computadores em volta e na parede, diplomas e fotos das turmas que ele participou. Chegando mais perto, nota que a cada foto, Jason ia ficando com a expressão mais amarga. 
 
- Vem, me ajuda aqui, garoto.
- Tô indo, senhor.
 
Eles vão para o centro do galpão e Jason pega um bastão e começa a dizer:
 
- Aquela câmera do lado de fora estava aproximadamente a 2 metros e meio do chão.
 
Ele termina de erguer o bastão e continua:
 
- Então, a câmera está ali no topo e para acertar, tinha que tá mais ou menos dessa distância. - diz ele dando um passo para trás.
- Mas não aparece a pessoa atirando nas filmagens filmagens. - diz Gustavo.
- Exatamente, a pessoa estaria no ponto cego. Garoto, o gerente disse que só ouviu os disparos fora, não é?
- Isso. Quando já estavam saindo.
- Então significa duas coisas: Que eles entraram como pessoas normais e que não destruíram as câmeras usando armas de fogo. O assalto foi de dentro para fora, eles chegaram e só quando estavam dentro, deram voz de assalto.
- Faz sentido. Mas entraram várias pessoas no banco, como vamos saber?
- Quando você não sabe a questão, você vai por eliminatórias, certo?
- É... Sim?
- Então vamos ver a autópsia dos policiais mortos, deve ter algo.
- Ah, sim. Claro, claro. - diz Gustavo abrindo a pasta e pegando os documentos. - Aqui está.
 
Jason analisa e ler o relatório. "Morte a facada" diz ele, baixo.
 
- E aí? - pergunta Gustavo.
- Foi uma facada só, mas extremamente preciso para acertar no ponto para acertar no ponto de matar. Entre nos dados do banco, todos prestaram serviço antes do assalto. Procure as pessoas que possam ter feito isso.
- Como vou fazer isso só com as imagens da câmera?
- Esses computadores são conectados ao banco de dados da polícia... E também, já ouviu a expressão: "Cavalo de Troia".
- Sim, sim.
- Exatamente. - diz Jason lhe dando o pen drive.
- O senhor... Não... Sério!?
- Sim. Aqui tem registro de cada pessoa que entrou.
- Mas como sabe que eles se registraram?
- Pra entrar nesse banco, você tem que apresentar seu documento para retirar a senha.
- Okay... Então, vou fazer uma limpa.
- Enquanto isso, vou montar toda as estruturas das câmeras. Achar o ponto que ficaram.
 
E assim fazem. Gustavo lista todas as pessoas que entraram a descartarem as que considera pouco pouco prováveis de fazerem o que aconteceu. Levando em conta as praticas que apareceram em suas fichas.
Jason põe todas as câmeras na mesma distância uma das outras e a altura que estavam no banco. Depois de algumas horas, Gustavo termina as  157 pessoas que estavam até o momento do assalto e ficando apenas com 4 suspeitos. Pega o nome e endereços de todos eles e se levanta para falar com Jason.
 
- Terminei a minha parte. - diz Gustavo com a voz cansada.
- Muito bem. Garoto, vem aqui.
 
Sonolentamente, Gustavo vai até ele.
 
- Sim, senhor. O que deseja?
- Ande até aquele bastão pela trilha que eu fiz.
- Okay, senhor.
 
Gustavo anda pelo linha que tinha pelo chão e Jason olha as filmagens das câmeras que deixou nos bastões. "Isso" diz Jason comemorando calmamente.
 
- O que foi, senhor?
- A pessoa que ficou nos pontos cegos deve ter menos que  1,60.
- Como sabe minha altura?
- Dedução. Vamos, temos pessoas para interrogar.
 
Ele vão para os carros e seguem para as primeiras suspeitas.
 
- Senhora Martins e sua filha Clara. - diz Gustavo.
- E por que são suspeitas para você?
- O senhor disse que foi uma facada só, certo? A precisão foi um fator importante. As duas praticam acupuntura. Ou seja...
- Conhece os pontos vitais das pessoas. Muito bem, garoto.
 
Eles param no endereço e batem na porta. Logo uma senhora os atendente.
 
- Olá, o que desejam?
- Senhora Martins? - pergunta Jason.
- Eu mesmo.
- Queremos conversar com a senhora sobre o assalto ontem.
- Ah, sim. Claro, podem entrar.
 
Ela abre a porta e eles se sentam no sofá. Gustavo tira seu bloco de notas e o gravador que comprou, depois da dica do seu parceiro. Põe ele em cima da mesa, que estava entre o sofá e a cadeira no qual a senhora se sentou.

- O que lembra do acontecimento de ontem? - pergunta Jason.
- Não muita coisa. Eu e a minha filha chegamos e esperamos sermos atendidas. Algum tempo depois ouvi alguém gritando... Não, não... Antes disso, eu ouvi um som de vidro quebrando.
- A senhora viu o que causou esse som?
- Não.
- Sua filha está aí?
- Sim, querem falar em ela também?
- Se possível.
- Ele está atendendo um cliente agora, só um minuto.
- Claro, sem pressa.

A senhora Martins se levanta e vai chamar sua filha. Enquanto isso, Jason olha ao redor da sala e diz:

- Já podemos descartar a senhora.
- Por que? - pergunta Gustavo.
- Não viu suas mãos? Estavam tremendo. Por isso só a filha dela está atendendo.
- Ela tem Parkinson... Claro. Então a filha pode ser uma suspeita.

Antes que Jason fale algo, Clara aparece, dando boas vindas a eles. Um pouco desarrumada e com um sorriso cansada, deu um singelo sorriso.
 
- Olá, senhorita, Clara. - diz Jason.
- Como vai? Ou melhor dizendo... Como vão? - diz ela soltando um leve sorriso. - ... Porque vocês são dois... Deixa pra lá.
 
Quando ela para de falar, Gustavo solta um riso. Ela o olha e sorriem um para o outro.
 
- Nós estamos investigando o caso que aconteceu ontem.
- Ah, sim... Do banco.
- Pode nos contar o que aconteceu?
- Claro... Bom, eu fui com minha mãe. Quando fui pegar um copo de água pra ela, ouvi um som de vidro quebrando.
 
Ela ri e continua:
 
- Desculpa... É que lembrei que antes disso, um cara trombou em mim sem querer e acabei derrubando a água em um garotinho na minha frente. Mas depois disso, só lembro de homens gritando para todo mundo ir pro chão. É só isso que eu sei.
- Obrigado.
- É, ajudou muito. - diz Gustavo, com um sorriso.
 
Jason se levanta e eles saem para o carro, mas antes, Clara fala algo com Gustavo. Apenas Jason entra no carro e anota algo em seu bloco de notas, rasga o papel e guarda em seu bolso. Ele pergunta quando seu aprendiz entra:
 
- O que ela queria?
- É... Saber... Sobre o caso.
- Entendi. Vamos! Qual é o próximo?
- Arthur Aguiar.
- Ok, diz o endereço.
 
Gustavo põe o endereço no GPS e eles vão em direção ao local, que era uma casa um pouco afastada da cidade. Depois de alguns minutos eles chegam. Descem do carro e batem na porta, mas ninguém atende.
 
- É o endereço certo, garoto?
- Tenho certeza que é.
 
Eles tocam a campainha mais algumas vezes. A casa é simples, de madeira, próximo ao bosque. Apertam mais uma vez e ouvem alguém correndo indo para a porta. Ao abrir, limpando as mãos e dizendo de forma carismática:
 
- Olá, tudo bem? Desculpem a demora... Eu estava no banho.
- Olá. - diz Jason. - Senhor Arthur?
- Sim, sou eu. Algum problema?
 
Eles explicam o motivo da visita e Arthur os convidam entrarem. Vão até a sala de estar, se sentam na mesa que tem no centro, onde aceitam um suco. Enquanto esperava a bebida, Jason nota que por toda a casa há esculturas feitas artesanalmente na madeira. De diferentes formas, indo de animais até cenários, que combinam muito bem com os quadros que também tem pelos cômodos. Arthur volta com uma jarra de suco e alguns copos, eles agradecem e Jason pergunta:
 
- Você é lenhador?
- Sim. Meu pai e meu avô eram antes de mim. Estou continuando a tradição.
- Entendo. Então você que fez as-
- Esculturas? - interrompe ele, um pouco nervoso. - Sim, fui eu sim.
- Você tem jeito no corte. Bom, nós queríamos saber sobre o acontecimento de ontem.
- No banco, não é?
- Isso. Pode nos dizer o que aconteceu?
 
Arthur começa a falar enquanto Gustavo anota:
 
- Bom, começando pelo começo... Eu entrei e me sentei bem na frente. Era um dos primeiros, então fiquei alerta o tempo todo. Mas toda essa pressão me deu dor de estômago e fui correndo para o banheiro, esbarrei em uma moça que estava no bebedouro sem querer de tanta pressa que eu estava. Fui e voltei rapidinho, tinha até um papai arrumando o filhinho antes de eu sair. Me sentei e minutos depois ouço um vidro quebrando seguido de alguém gritando dizendo que era um assalto.
- Chegou a ver quem era?
- Não, não. Como eu estava na frente, me abaixei logo e não vi mais nada.
 
Gustavo termina de anotar e põe o bloco de botas em cima da mesa, mas ao voltar o braço, acaba batendo no copo que derrama e molha suas pernas.
 
- Que droga. - diz ele.
- Tudo bem, tem um banheiro no fim do corredor, pode usar para se limpar.
- Obrigado.
 
Gustavo se levanta e vai, e Arthur se levanta, pegando um pano para limpar o chão. Jason espera seu aprendiz sair de perto e diz com o suspeito: "Eu já descobri o que você faz de verdade" e Arthur responde com nervosismo em sua voz: "Você é bom mesmo, em?"
No banheiro, Gustavo limpa suas mãos e procura uma toalha para passar sua calça, mas todas elas estavam manchadas. Pegando uma delas, ele ver que está com manchas avermelhadas, como se tivesse sido usadas para limpar algo. Ele sai do banheiro cuidadosamente, sem fazer muito barulho e olha o restante da casa, onde certo cômodo chamou sua atenção, pois tinha gotas vermelhas pelo chão. Quando ia abrindo a porta, uma pega em seu ombro e ouve:
 
- Não entre... Por favor. - diz Arthur.
- Por que não?
- É algo... Pessoal. Seu amigo está lhe esperando no carro. Foi um prazer.
- O prazer foi todo meu. - diz Gustavo desconfiado.
 
Ele vai até a porta, viu que novamente Jason já estava a sua espera dentro do carro. Entra também e dizendo:
 
- Eu vi algo suspeito nesse cara.
- O que?
- Toalhas manchadas, e um quarto que na entrada tinha várias gotas vermelhas pelo chão.
- Você é atendo aos detalhes, mas notou todos e acabou deduzindo de forma errada.
- Que detalhe eu não vi?
 
Jason solta uma risada e diz: "Depois eu digo. Vamos para o último suspeito agora.". Gustavo bota o endereço no GPS e eles vão. No caminho, passam em um fast food, pois como estavam afastados da cidade e o local que irão é na outra ponta do município, ia demorar pouco mais de uma hora para chegarem. Então, passaram boa parte da viagem comendo.
Quando chegam no endereço, que é um apartamento, vão até o porteiro que avisa ao morador que eles estão subindo. Vão até o elevador e rapidamente sobem, vão até a porta de número  14, batem e rapidamente um moço aparece para atendê-los. Eles entram e ficam nas cadeiras que tem no inicio da sala. Samuel, o último suspeito, se desculpa pela bagunça, dizendo que não estava esperando por visitas. Enquanto ele tirava o excesso de bagunça, Jason nota que há dois cinzeiros perto e ambos com cigarros recém apagados e uns panfletos de circo. Rapidamente ele volta e se senta na frente deles, que Jason começa:
 
- Sua esposa foi com você ontem?
- Não, não. Sou solteiro.
- Entendo. Pode nos contar do acontecimento de ontem?
- Claro, eu fui com meu filho bem cedo. Só lembro de nos sentarmos e pouco depois das câmeras quebrarem gritarem voz de assalto.
- Seu filho foi com você? Ele reagiu bem?
- Sim, ele está bem agora. Na hora eu só pensei em proteger ele, então corri para perto das outras pessoas e o abracei. Não queria perder meu filho. - diz um pouco emotivo. - Mesmo ele reagindo bem, não pensei em outra coisa se não ele.
- Ele tá em casa?
- No quarto dele dormindo. Desculpem não saber muita coisa. Foi tudo muito rápido.
- Entendo. Bom, é o que precisamos. - diz Jason se levantando.
 
Samuel os acompanha até a porta, que ao saírem, diz:
 
- Desculpem novamente não ter muitas informações. Fiquei preocupado em acalmar meu filho.
- Ele deve ter ficado bem assustado. - diz Jason.
- Sim, sim... Criança, né?
- Bom, obrigado. Tenha um bom dia.
 
Eles vão até o elevador e descem. Vão para o carro e Jason dirige até o galpão. Quando chegam, Gustavo vai até o banheiro se trocar, pois ainda estava com manchas de suco por todo o paletó. Enquanto isso, Jason vai até o computadores rever as filmagens, pega as anotações que seu aprendiz fez dos relatos e ver que todos condizem... Menos um... Abrindo outra aba, pesquisa o nome de um dos suspeitos. Não ver nenhuma passagem pela polícia, mas ver algo interessante quando anexa seu nome a outra coisa.
Gustavo volta do banheiro e rapidamente Jason joga um grampeador nele, mas com a mão, bate no objeto para que não seja acertado.

- O que foi isso, senhor? - pergunta o garoto, assustado.
- O que acabou de fazer?
- Impedi da minha cara ser grampeada. Sabe como isso é perigoso?
- Você desviou a trajetória, não é?
- Sim...?

Jason se levanta e vai até a simulação que fez do local das câmeras.

- Eu disse que o suspeito tinha que ter menos de 1,60... Certo?
- Sim.
- Mas mesmo assim seria impossível não ser registrado por uma das outras câmeras. Ah não ser que...
- A faca tenha mudado sua trajetória.
- Mas ainda sim, não ficou nenhuma das armas do crime nem nos guardas ou nas câmeras.
- Então ele teve tempo de tirar. Pera... Calma. Primeiro, como? Tipo, como se desvia uma trajetória de  uma faca?
- Assim como desviou o grampeador.
- Am?
- Vamos.
- Pra onde?
- Fechar o caso.
- Você... Já... Como!?

Eles vão até o carro e Jason dirige até o endereço. No caminho, Gustavo relê as anotações para ver se conseguia desvendar o caso também. Até que um tempo depois eles param em frente o local.

- Aqui!? - indaga Gustavo.
- Sim.

Eles descem e vão direto para o elevador, Jason mostra o distintivo para o porteiro, avisando para não avisar que estão ali. Quando entram, Gustavo pergunta:

- O Samuel é o culpado?
- Ele e seu irmão.
- Pode me explicar, por favor?
- Eles são ex-membros do circo Monteiro. - diz ele mostrando um vídeo da apresentação dos dois. - Eram famosos por conta de nunca errarem um alvo. Se reparar nas gravações, o "filho" de Samuel vai até o bebedouro onde Clara o molha e de lá ele foi no banheiro. Pouco tempo depois, Samuel levanta, onde Arthur viu os dois e pouco tempo depois, somente Samuel volta para o seu lugar. Agora, antes das câmeras pararem de gravar, Samuel estende os braços para o "alto" com um objeto em sua mão, parecido com o celular, mas depois de dá o zoom, vi que era uma placa de metal. Ou seja...
- Esse "filho", que é o irmão dele... Então, quando ele estende seus braços, estava apenas desviando as lâminas que o outro jogou.
- E por conta das lâminas serem bem finas, as câmeras não conseguiram gravar. Quando um deles anunciou o assalto, o outro pegou as facas.
- O irmão dele é anão, claro. Por isso não precisou apresentar sua identidade, por causa que acharam que era uma criança... Meu Deus, como o senhor chegou a isso?
- Ele mentiu quando mudou o argumento que seu filho estava assustado ou não. E também, todos os outros suspeitos disseram que ouviram um som de vidro quebrando, mas nenhum deles sabia que era a câmera... Somente ele. Além dos cinzeiros, que tinha dois cigarros. Então bastou eu pesquisar o nome dele junto com o circo que vi o panfleto no chão de seu apartamento.

As portas se abrem e eles vão até a porta, Jason diz para Gustavo ficar atrás dele. Rapidamente chuta a porta, que cai e ele diz: "PARADOS, POLÍCIA". Gustavo ver Samuel e seu irmão, que estava em uma cadeira com alguns livros em baixo dele, para ficar na altura da mesa. Olha para Jason e depois para seu irmão dizendo: "Ah, cara. Eu disse que esse disfarce de filho não ia enganar ninguém".
Eles levam os dois para o térreo, onde a polícia local já estava a espera. No caminho para a delegacia, Jason para em frente a casa de Gustavo.

- Desce, vai se atrasar se for comigo. - diz Jason. - Vai se arrumar.
- Oi?
- O seu encontro com a Clara.
- C-Como sabe?
- Eu vi o jeito que conversaram. Pega, ela vai gostar desse restaurante. - diz dando a nota que havia anotado, quando esperava eles terminarem a conversa. - Ah, e lembra que eu disse dos detalhes?
- Sim, por que?

Eles descem do carro e Jason abre o porta malas, tirando um quadro que era uma pintura de uma silhueta de um rapaz usando óculos, onde as lentes brilham e atrás dele, uma sombra azulada que formava um símbolo de águia.

- Achei sua cara... Literalmente. - diz Jason. - Até seus óculos quadradões.
- EU AMEI! - grita Gustavo, animado. - Onde... Quando... Você comprou!?
- Lembra do lenhador? - responde ele apontando para a assinatura. - Na verdade ele é desenhista. Mas aparentemente tem vergonha disso por conta de seus pais não aprovarem.
- Como soube?
- Bom, ele disse que fez somente as esculturas, mas a madeira mesmo bem conservada, estava indicando que era de mais ou menos 40 anos atrás. Então foi o pai dele que fez. Suas mãos também não tinha calos e não vi nenhum machado nem dentro, nem fora da casa. As pontas dos dedos, que ele estava tentando limpar quando chegamos, estavam manchadas. Ele disse que estava no banho, mas seu cabelo estava seco.
- Foi... Muita coisa que eu não reparei. Obrigado. - diz abraçando seu tutor.
- Vai se trocar, se não pode ser atrasar.

Com um sorriso ele se despede e Jason vai para a delegacia. Chegando lá, entrega o relatório para Jones, que diz:

- E aí, como tá indo com o garoto?
- Bem... Ele tem jeito pra coisa.
- Falta apenas 5 dias.
- Sim, aí ele vira responsabilidade de outro.

Jason sai da sala e vai pegar um café no balcão de Rosa.

- Mais um caso com o garoto?
- É, ele é bom.
- Tá gostando?
- É bom ter alguém novamente pra conversar.
- Desculpa quase ter falado do Eduardo. Achei que ele já sabia.
- Tá tudo bem... Bom, como foi seu dia?

Rosa começa a falar e Jason se sente e começa a ouvir. Na casa de Gustavo, ele sai do banho e ver o quadro que acabou de pendurar em sua sala e corre para o encontro com Clara.
De longe, um homem o olha e anota algo em seu caderno e sai, pegando outro caminho.