Diário - Dia 8

 

Dia 8.
26 de Agosto, 2016.     

Terminei a primeira semana na escola nova. E como sempre, foi bem difícil me adptar. Final de ano todos já tem seu grupo e esse privilégio nunca tive, já que nunca fiquei em um lugar por tempo o suficiente para manter uma amizade inquebrável e durável. Então, como de costume, fiquei na minha nos primeiros dias. Mas, fiz alguns colegas. Pra ser mais exata, dois colegas: Nicolas e Lorena. São bem legais. São como eu, de certa forma, deslocados, porém, sabendo se adptar ao redor para ficarem encaixados. E diferente das últimas escolas que frequentei, a turma foi bem acolhedora. Não fizeram perguntas invasivas sobre minhas mudanças ou quiseram saber da grande fofoca que motivou minha mãe a se mudar tantas vezes. Apenas me trataram normalmente, como mais uma aluna… Na verdade, estão me tratando normal. Faz tanto tempo que não sou tratada assim, que parece ser o máximo. Em casa, o clima está mais agradável, mas infelizmente ainda não pude conversar com minha mãe com calma, já que fico sozinha boa parte do dia por conta dela trabalhar até tarde da noite. Então, quando chego da escola, tenho minhas refeições sozinhas na mesa com 3 cadeiras vazias a mais. No fim, isso é bom, acabo tento tempo para elaborar e organizar mentalmente como vou perguntar a ela sobre isso tudo. Quero saber a verdade, quero saber o que aconteceu com meu pai, por que ele abandonou a gente, mas ao mesmo tempo não quero.

Sinceramente, gosto de não saber, pois assim posso imaginar várias coisas razoáveis para que ele tenha partido... Mas, sei que isso só vai me fazer mal a longo prazo, já que vou viver me enganando e por mais que eu queira viver em um mundo de fantasias, onde tudo tem uma explicação que não vá me machucar, eu sinto que preciso me arranhar um pouco pra crescer.

Foi uma semana difícil. Tá sendo um ano difícil. Não consigo mais saber com clareza o que venho sentido, nem o que me faz ficar triste ou alegre.  Estou tão neutra que todas as coisas que vem a tona não me afetam mais como antes, e infelizmente, as coisas boas também não.  Sinto medo de me acostumar com a solidão, por isso estou "feliz" por ter feito colegas. Já que assim, vou poder interagir com alguém, e vai me fazer esquecer um pouco o que é conversar apenas com meus próprios pensamentos.     Espero que os dias daqui pra frente melhorem. E que quando eu saiba a verdade, não me machuque tanto. E caso venha a machucar, que eu saiba lidar.