Esperança, futuro e realidade

 

Quando pensamos em esperança, logo é ligada a uma ideia futura, que muitas vezes é barrada pela dura realidade da vida, que quase sempre destrói suas idealizações de futuro que foram criadas justamente pela esperança, mesmo que minimamente, gerou e fortaleceu.

Isso causa divisão de opiniões, pois há quem diga que esse tipo de situação é a prova que não se deve criar esperanças tão facilmente e que se deve ser mais “pé no chão” em várias situações, principalmente naquelas que exigem o seu lado racional. Mas, também há quem diga que ter fé liberta o melhor de nós, e que não adianta usarmos o lado racional, se ignorarmos o que existe em nossos corações.

Porém, antes de falarmos disso, temos que entender o que de fato é a esperança.

Segundo o dicionário, nada mais é do que o sentimento de quem vê possível a realização daquilo que deseja. Porém, creio que ninguém precise de um dicionário para saber disso, já que faz parte do nosso senso comum, e desde muito novos, somos ensinados a essa ideia.

Tenho certeza que em algum momento difícil, você ouviu para ter esperança e que as coisas iriam melhorar com isso. E é bem aqui, nesse ponto, que as opiniões se dividem.

Vamos imaginar a seguinte situação, que mesmo hipotética, tenha chances de acontecer…

Alguma pessoa especial para você está no leito de um hospital e os médicos dizem que o estado dela é grave e não mentem ao falar que há poucas chances de recuperação.

Nesse momento, alguém na tentativa de lhe consolar, diz para ter fé de uma melhora, mesmo com as poucas chances disso realmente acontecer.

Com isso, por mais que tenha um peso em seu coração, segue sua vida, pois acredita com todas as forças que o estado de saúde dessa pessoa irá melhorar. Essa sensação acolhe, aquece e conforta com a ideia de que o futuro será melhor.

Até que recebe a notícia que, infelizmente, ela não sobreviveu.

Alguns podem dizer que o sentimento, a fé de uma melhora, o iludiu para que não aceitasse a realidade da vida. Em contrapartida, podem dizer que, na verdade, esse sentimento o ajudou a superar o momento e, futuramente, vai facilitar a passagem pelo processo do luto.

Com isso, chegamos ao impasse:

Até que ponto a esperança é algo gratificante?

De fato, sempre que se é mencionado algo relacionado a isso, seja em livros, filmes ou séries, sempre é acompanhado por algum ditado como: A fé move montanhas. Que deixa marcado na nossa mente que ter esse sentimento é meio que “obrigatório” para que nossos objetivos sejam conquistados.

Como no caso da

Positividade tóxica.

Que é quando alguém tenta suprimir as emoções negativas de uma pessoa por meio de frases prontas como: “Seja positivo” ou “Tente olhar pelo lado bom”.

E no lugar de ajudar ou animar a outra pessoa, esse comportamento pode fazer com que ela se sinta invalidade e não ouvida.

Geralmente, vem de alguém que acredita genuinamente que está sendo útil e encorajadora, mas ao fazer isso, acaba desconsiderando as emoções verdadeiras e legítimas do colega, assim, afetando a saúde física e mental dela, já que ocultar emoções negativas não é saudável para o equilíbrio psicológico. 

Ao invés de soltar que está tudo bem e que vai se resolver, tente dizer algo que deixe claro que os sentimentos daquelas pessoas importam, e procure saber como você pode ajudar ou simplesmente dá ouvidos ao que ela está falando. Pode parecer pouca coisa, mas para quem vai ouvir, faz uma enorme diferença. Quando adotamos uma abordagem mais compassiva e centrada no ser humano, em vez de combater a negatividade com positividade, você evita de minar a autoconfiança de alguém que está vivendo um período difícil.

A partir disso…

É saudável manter a esperança?

Simplesmente não existe uma resposta pronta para isso. É algo relativo, depende de cada pessoa e de cada situação. Por exemplo, para a pessoa X é importante manter a positividade, pois para ela é o que faz continuar. Nesse contexto, a fé é uma espécie de combustível, e independente de dar certo ou não, vai servir como aprendizado.

Agora para a pessoa Y, isso não é tão importante. Ela prefere acreditar que o melhor é manter o pé no chão, já que vai ajudar a ver a situação de forma nítida.

E qual dos dois está certo ou errado? Os dois.

Como disse, é importante manter a fé como da mesma forma é importante não ter esperança demais ao ponto de não ver a realidade na sua frente. Então, como tudo na vida, é importante manter o equilíbrio, pois vai ser a sensação de esperança que vai te aquecer e ajudar a seguir em frente, pois acreditar que o dia de amanhã será melhor é o que vai nos fazer deitar tranquilos. Contudo, não podemos esperar que o dia melhor irá vir sem fazermos nada para que ele chegue, pois mais importante do que acreditar é ir atrás para fazer acontecer.