Despertar

 

Azuis como o oceano, da mesma cor da ponta de seus cabelos, os olhos se abrem.
Lentamente, assim como tudo em sua volta.
As silhuetas em sua volta começam a tomar forma.
Os sons, voltam a fazerem sentido.
E na sua frente, três figuras aparecem.
Na sua direita, uma garota de cabelos de cabelos longos e pele de café com leite. Vestindo um uniforme esportivo, de cor roxa, com o nome “Pumas Selvagens” e em baixo o número 3. O rosto sereno, mas com um olhar de firmeza.
Na sua esquerda, um rapaz franzino, com um uniforme escolar branco com uma listra amarela indo do ombro esquerdo ao fim da camisa, na vertical, com um sorriso confortante. Seus cabelos curtos e ondulados são um aspecto de inocência, que só de senti-lo por perto uma boa energia emana.
E, entre eles, no lado dos seus pés, um rapaz ruivo, com os cabelos indo até perto de seus ombros. A encarava, com um olhar neutro, mas curioso. Seus olhos castanhos a penetravam, causando uma imediata conexão... Não, é diferente...

- Oi. – diz ele. – Tudo bem?
- Estar. – responde ela, um pouco sem jeito, como se estivesse falando o idioma pela primeira vez. – Onde estar?
- O que...? – indaga Lena, confusa.
- Onde eu estar? – pergunta novamente, e nota-se o esforço para ela conectar as palavras.
- Bom, você tá no hospital. – responde Ricardo, incerto, já que a resposta é bem óbvia.
- Na Unidade de Pronto Atendimento, pra ser mais específica. – diz Lena.
- “UPA” para os íntimos. – brinca Ricardo.
- Eu te achei na floresta. – fala Rafael. – Estava desacordada e com um ferimento na cabeça. Achamos melhor te trazer pra cá.
- Você lembra de alguma coisa? – pergunta Lena. – Sabe algum contato de algum parente?
- Parente...? Não ter!
- Ainda tá um pouco desnorteada. Vou procurar a enfermeira pra avisar que ela acordou.

Ela sai junto de Ricardo, deixando a garota junta de Rafael. Ele chega mais perto e se senta na cadeira reservada para os acompanhantes.

- Meu nome é Rafael. Prazer! – diz ao estender a mão devagar, fazendo-a recuar, olhando fixamente para a mão dele, aparentemente assustada.
- Rafael...
- Isso. E seu nome, qual é?
- Não lembrar...
- Você deve se lembrar logo, logo.

Ela olha ao redor e vê mais dois leitos, mas estão vazios. Na janela, o céu noturno, a chuva já acabara, deixando as estrelas iluminarem.

- Livro... – diz ela.
- O que?
- Eu ter livro. Achar?
- Quando te achei, não reparei se tinha algum. Posso ver depois. Lembra o que fazia no meio da chuva?

A cabeça dela de repente para. Ouve passos pesados, respiração ofegante, galhos quebrando e um grande estrondo. Um relâmpago. Um trovão.
Quando volta a si, suas mãos estão apertando o lençol com força.

- Tá tudo bem? Desculpa, não queria... É, deixa pra lá.

A enfermeira chega junto com Lena e Ricardo. Checa a pressão e os reflexos dela, seguido de ouvir os batimentos cardíacos, o que deixa a moça agitada e evidentemente assustada, tentando se afastar e sair do leito, mas a enfermeira e os meninos impedem, além que ela parece cansada e ferida demais para conseguir andar sozinha, já que há marcas em seus braços e pernas.

- Calma, calma. – diz Lena, segurando seus braços e o ombro direito, olhando-a no fundo de seus olhos. – Ela só está querendo ver se você tá bem, só isso, okay?

A moça não responde. Ofegante e com os olhos desorientados, não para de se mexer para a enfermeira fazer seu trabalho. Então, Lena começa a inspirar lentamente, por uns três segundos, prende e solta o ar devagar, pelo mesmo tempo que juntou, acenado para ela fazer o mesmo, que repete sua ação, assim, se acalmando e a checagem é feita.

- Está doendo? – pergunta a enfermeira pondo levemente a ponta dos dedos por cima do curativo que está na testa dela.
- Não...
- Algum de vocês pode me acompanhar, por favor?
- Eu vou. – diz Ricardo, indo atrás dela.

O celular de Rafael começa a tocar e quando vê, é sua mãe. “Só um minuto” diz ao sair do quarto para atender, deixando Lena e a moça sozinhas.

- ... Obrigada. – diz, ainda sem muita familiaridade com o português.
- Não precisa agradecer. Também tinha medo de hospital quando era mais nova. Uma vez até fugi escondida, minha mãe me deu uma bronca... – fala soltando algumas risadas.
- Nome?
- É... Meu nome é Helena. Mas, pode me chamar de Lena. Como você se chama?

No corredor...

“Pois é, mãe. Aí não podia deixar a menina sozinha lá... Não, nenhum documento... Não sei, parece ter nossa idade, então, uns 15 pra 16 anos eu acho... Não se preocupa, não vou me meter... Okay, eu vou logo, logo... Não se preocupa... Tá, amo a senhora, beijos” e desliga o celular, olha ao redor e vê Ricardo saindo de uma sala, com o rosto sério até ver seu amigo, abrindo automaticamente um sorriso.

- O que ela queria?
- Perguntar sobre a garota, se sabíamos o nome ou parentesco... Mano, isso é muito estranho. Achar essa menina do nada no meio do campo... E você viu, né? Ela parece ter acabado de aprender nossa língua, tem a pele branca até demais, os cabelos claros, fora as pontas azuis. Obviamente não é daqui.
- Eu vi... Mas, o que acha sobre isso? Acha que é encrenca? – pergunta, pois Rafael sempre prioriza as opiniões dos amigos, já que sempre os vê como bússolas para suas decisões.
- Não sei te dizer, Rafa. Mas, que é suspeito, isso é. E como não te conheci ontem, sei que vai querer ajudar ela, né?
- Vou. Não posso deixá-la sozinha assim.
- E onde ela vai ficar? A enfermeira disse que o caso dela não interna, fora que não podemos depender da memória dela voltar, pode demorar muito.
- Então vão liberar ela ainda hoje!?
- Sim. Acho que eles não querem se responsabilizar com ela. Deu a entender pelo menos.

Ricardo sempre teve essa facilidade de entender as pessoas por trás do que elas dizem, como ele costuma dizer: “As pessoas são transparentes”. E, na maioria das vezes, não erra em suas deduções.

- E agora? Simplesmente soltamos ela no meio da rua?
- Olha... – responde levantando os ombros, como se Rafael tivesse lido seus pensamentos.
- RICK!
- Calma. – diz rindo. – Só tô brincando. Pensei ela ficar na casa de algum de nós... Acho que meu pai deixaria, mas você sabe como é minha mãe.
- Lá em casa não teria onde ela ficar.
- Vou falar com a Lena. Ela é filha única e a mãe dela sempre foi bem receptiva com a gente.
- Porque ela nos conhece, ué. Diferente de uma pessoa que acabamos de achar, literalmente.
- É a melhor opção que temos. Vou falar com ela.

Eles entram no quarto novamente e Ricardo chama Lena, explicando a mesma coisa que disse para Rafael.

- Ah, eu não sei. Posso falar com ela, mas não garanto nada... Mas, gente, isso é um pouco estranho, não acham? Ela não sabe nem o próprio nome. A pancada foi tão forte assim!?
- Vamos tentar ajudar até ela recuperar a memória ou alguém der falta dela. – diz Ricardo. – Graças ao Rafa, é nossa responsabilidade também.
- Não precisam se meter por minha causa.
- Tá tudo bem, vou ligar para a minha mãe.

Lena tira o celular do bolso e disca o número da mãe.

- Hola, mamá. ¬– diz totalmente em espanhol, voltando a sua língua original.
- Hija, donde estas? Esta tarde!
- Estoy en el hospital.
- ¿¡Qué!? ¿Qué paso? voy allí.
- ¡No, madre! Cálmate, estoy bien. Quería preguntar algo.
- ¿Qué?

Lena dá um forte suspiro e continua...

- Hay una chica que necesita nuestra ayuda.
- ¿Qué tipo de ayuda?
- Parece que tuvo un accidente. No recuerda mucho, de hecho no recuerda nada, ni siquiera su propio nombre.
- Bien. Y...? ¿Cómo encaja mi ayuda en esto?
- La UPA no admite pacientes en estos casos y no puede ser trasladado al hospital. Entonces, ¿podemos dejarla en nuestra casa? ¿Hasta que se acuerda de algo o un familiar la recoge?
- Ay hija mía. Cómo de la nada. Además... No, no... Está bien, te recogeré allí. Pero, ¿estás seguro de que esta chica dice la verdad?
- Si tengo.
- Helena, Helena... Ojo con estas estafas. Llegaré allí ahora.

Ela desliga e os meninos a olham um pouco confusos, aguardando explicação. Por mais que façam aula de espanhol para entender a amiga, é complicado acompanhar um diálogo assim.

- Ela vem.
- Graças a Deus! – comemoram.
- Bom, vou falar com a garota. Podem esperar a mãe lá fora? Com certeza ela vai precisar assinar algum termo de responsabilidade.

Eles concordam e Lena vai para o leito, onde explica a garota...

- Eu vou te levar lá pra minha casa, tá bom? Até você melhorar.
- Incomodar?
- Não pense isso. Vai ser um prazer.
- Então ela vai com você? – pergunta a enfermeira, chegando perto.
- Sim.
- Vou só fechar a ficha dela... Ah, esqueci. Ela não sabe o nome dela, né? Vou deixar em aberto. – diz um pouco desconcertada com a situação.

No lado de fora...
Os meninos sentados na calçada teorizam a situação.

- Gringa, talvez.
- Ah, Rick. Acho que não.
- Ela tem carinha de ser russa.
- Ela deve tá muito assustada. Que situação estranha.
- Amanhã botamos a foto dela na internet, perguntando se alguém conhece. Deve aparecer alguém.
- É, vamos tentar.

De repente, um carro vermelho para na frente dele, dando um leve cavalo de pau, mal estacionado e de dentro sai uma mulher, aos tropeços, um pouco gordinha, com os cabelos curtos e negros, combinando com sua pele negra. Olha para os meninos, e recuperando o fôlego, dá um sorriso e fala:

- Oi, meninos. Onde elas estão? – um pequeno sotaque da sua língua original é notado, mas consegue falar português muito bem para eles a entenderem.
- Lena tá ajudando-a no quarto. Acho que a senhora vai precisar entrar. – responde Ricardo.
- Imaginei mesmo. Mas, podem me explicar como isso aconteceu?
- Eu achei essa moça desacordada no meio do campo. – diz Rafael. – O Rick e a Lena vieram logo depois. Tentamos acordar ela, mas não adiantava. Então, achamos melhor trazê-la pra cá. Botamos no carro e cá estamos.
- Carro? Que carro?
- Haha... Opa. – diz Ricardo, sem graça.
- Nem acredito nisso, menino! Vocês são crianças e se arriscam assim?
- Pelo menos foi de grande ajuda.
- Sei não, viu? Não sei o que fazer com vocês.
- Oxe! – exclama Rafael. – “Vocês” nada. Quem dirigiu foi ele.
- Mas foi cumplice. – diz ela, soltando uma leve risada. – Vem, vamos entrando.

Ricardo se levanta e vai na frente com ela, com Rafael apenas ouvindo-a perguntar o que o pai dele achava sobre ele sair de carro e como resposta, ele ri e tenta mudar de assunto, perguntando algo que Rafael não ouve, pois assim que se levanta, esbarra em uma mulher que vinha de sua direita.

- Meu Deus! Me desculpa! Eu não vi a senhora.
- Sei bem como é isso. – diz ela, serenamente.

Ele a ajuda a se equilibrar novamente e vê que usa óculos escuros e segura uma bengala, deduzindo ser uma deficiente visual.

- É... A senhora vai entrar?
- Não. Estou só de passagem. Não se preocupe, tem coisas mais importantes para você ver.
- Como assim?
- Apenas dedução. – responde rindo. – A gente aprende com o tempo. Sabe, nem sempre precisamos ver pra saber das coisas. – fala ao erguer seu rosto, fazendo seu cabelo liso e longo bailar com a brisa da noite.
- Eu imagino... – diz ele sem jeito, não sabe uma boa resposta para o que ela diz.
- Toma cuidado quando voltar para a floresta. Se cabe um conselho: refaça os passos dela, não os seus.
- O que!?
- Eu vou indo. Boa noite!
- Boa... Eu em.

Ricardo vai até o quarto onde as meninas estão e vê que tem uma outra mulher em frente ao leito, com uma prancheta na mão, anotando alguma informação... Ou, pelo menos tentando.

- Sabe ao menos o sobrenome da sua família?
- Hum... Hum-hum. – expressa com a boca fechada, balançando a cabeça negativamente.
- Nunca vi um caso assim. Ela esqueceu tudo, até como falar. Vou marcar para um fonoaudiólogo.
- Boa noite. – diz a mãe de Lena. – É, eu vou levar a moça até alguém buscá-la.
- Você é alguma parenta dela?
- É... – ela olha para sua filha rapidamente, não sabe se é para mentir ou não. - ... Parenta eu não sou, mas vou cuidar dela.
- Acho melhor levá-la para delegacia e lá eles resolvem.
- Isso! É isso mesmo que vou fazer.
- Hum.

Mãe de Lena abre um sorriso rapidamente, procurando parecer o mais confiável possível.

- Certo. O seu nome, por favor.
- Camilla López. – diz com força em seu sotaque espanhol.
- Endereço?
- Rua Albuquerque, número 212.
- Okay. Telefone para contato.
- Um, nove, um, três, quatro, cinco, um, nove, um, dois.
- Certo, assina aqui por favor.
- Claro.

Ao assinar, a mulher sai do quarto e Camilla olha para a garota deitada.

- Oi. – diz gentilmente. – Vem, vou cuidar de você.
- A senhora vai mesmo levar ela pra delegacia? – pergunta Lena.
- Não. Só vão levar ela pra outro lugar. – explica ao passar os dedos nos cabelos da moça. – Você é muito linda, sabia?

Mesmo confusa, a garota se levanta e com auxílio de Ricardo e Lena, seguem Camilla até o carro.

- Ué, cadê o Rafa? – pergunta Ricardo. – Achei que tivesse aqui fora.
- Ele não entrou? – pergunta Camilla. – Lena, liga pra ele. Rick, me ajuda com a moça.

Eles a botam no banco de trás, com calma, pois ainda parece um pouco desnorteada. Camilla se senta ao lado dela e põe o cinto, cuidadosamente.

- Vo-Você... Não conhecer... Por que ajudar?
- Bom... É o que fazemos. Ajudamos uns aos outros. E logo, logo sua família vai pegar você. Agora, fica quietinha que quando chegarmos, você vai tomar um banho e comer uma comida bem quentinha. Deve tá com fome, né?

A pergunta é respondida com um aceno de cabeça, fazendo Camilla soltar um leve sorriso. Depois, se levanta e fecha a porta.

- Achei mesmo que a senhora ia levar ela para a delegacia. – diz Ricardo.
- Ela precisa de um acolhimento mais “caseiro”. Tá assustada, tadinha. Sei que eles iriam ajudar, mas é bom ela se sentir um pouco mais acolhida, se sentir em casa.
- Entendi. Bom, eu vou indo.
- É... Tem que devolver o carro, né?
- Hehe... Tchau!
- Toma cuidado. Depois vou ter uma palavrinha com seu pai. – avisa com um leve sorriso.

Um pouco afastado deles, Lena liga para Rafael, que atende depois de poucos segundos.

- Alô, Rafa?
- “Diez”. – fala ele, com o som aberto no meio da palavra.
- Onde você tá?
- É que a mãe ligou de novo. Disse pra eu voltar logo.
- Qual caminho você pegou? A gente pode te dá uma carona.
- Relaxa, já tô pertinho. E, nossas casas são caminhos totalmente diferentes. Me avisa quando chegarem.
- Tá bom, toma cuidado.
- Okay, não se preocupa. – diz ao desligar o celular, ligando a lanterna dele, iluminando as árvores ao redor.

Rafael voltou a floresta. Por algum motivo, se questionou sobre o livro que a moça perguntou, talvez tenha respostas sobre quem ela possa ser. Juntamente com a frase solta que a mulher que esbarrou com ele disse. Talvez não tenha conexão, mas tinha que tentar.
Vai devagar para o mesmo lugar que encontrou a garota. Desce com cuidado pela pequena ladeira que caiu antes e com a luz procura algo que se pareça com um livro, mas algo chama mais a sua atenção, as flores que brilhavam no escuro ao redor dela agora estão mortas. Se abaixa para ver melhor e parecem que foram pisadas por algum animal, pelas patas, deve ter sido algum boi ou algo parecido.
Ele se levanta e olha ao redor... Nada de livro. Mas, ele acha uma pequena trilha. Com cuidado, ele pega esse caminho. As árvores se estendiam para o céu noturno. A luz fraca da lua lançava sombras sinistras, enquanto uma névoa rastejava pelo chão, criando um cenário não muito convidativo. O silêncio era interrompido apenas pelo lamento solitário de uma coruja, e as sombras se moviam entre as árvores, escondendo olhares profundos. Então, de repente, vê uma casa pequena de madeira. Chega perto e vê que tem mais ou menos três cômodos, mas sente receio de chegar mais perto.
Olha ao redor várias vezes a cada passo, até que pisa em algo diferente.

- “Sonhos de Cristal”? – lê a capa quando tira o pé de cima e o pega, virando para ver a contracapa.  – “Quatro amigos saem em uma viagem mundo a fora, passando por situações que testam sua amizade e que podem ou não, fazê-los se tornarem uma família.” Pelo amor de Deus, quem escreveu isso!? Ou melhor, quem iria ler!?

Ao abrir, nota que há várias palavras e frases sublinhadas. Antes que leia com mais atenção, ouve sons vindo de dentro da casa, então por reflexo, se esconde atrás de uma moita próxima, tampando sua própria boca para impedir qualquer barulho. Os sons de dentro da casa se tornam passos e depois, duas vozes distintas, discutindo.

- Ela não está mais aqui, eu te falei, perdemos tempo. – diz uma voz firme e grossa, parecendo furioso.
- Não se irrite atoa. Não deve estar longe. A vimos a poucas horas.

Ele ouve mais um som, ondulante, oscilando uma sincronia quebrando o silêncio e fazendo as vozes pararem, dando espaço para uma terceira voz, dessa vez feminina, mas com um tom de predominância.

- Acharam a menina?
- N-Não, senhorita. – dizem em coro, como se a temessem.
- Então encontrem! Ela é um perigo eminente, precisa ser achada e contida IMEDIATAMENTE!